Era uma vez,

uma menina chamada Eve.

Eve tinha um grande problema: Toda vez que via algo fora do lugar em sua casa, ela sentia uma forte necessidade de arrumar todas as coisas para que no fim do dia a casa estivesse devidamente em ordem.

Então Eve corria pra lá, corria pra cá. Arrastava o sofá, esticava o tapete, limpava o lustre, acendia e apagava a luz, numa tentativa frenética de colocar tudo no lugar. Porém, o dia foi passando...e no final do dia, a casa estava com as coisas tão desarrumadas como antes.
     Todos queriam saber da menina: "Eve, onde está meu pente? Ele não devia estar no armário?", "Eve, e o meu livro? O lugar dele é na estante!". O que aumentava ainda mais o sentimento de Eve de pôr as coisas em ordem.

     Um novo dia começou: 
A menina puxava o cachorrinho que estava dormindo em cima do guarda-roupa e tentava colocá-lo na casinha. Com força, tentava tirar a terra da sala e colocá-la no jardim para guardar as raízes das plantas...Mas NADA ia para o seu lugar. Tudo bem, uma vez ou outra o cachorrinho dormia em sua casinha, mas logo corria para o guarda-roupa outra vez. 

E Eve tentava.
E tentava.
Tentava mais uma vez.
Dia após dia Eve tentou, mas nada conseguiu.

Todos cobravam uma casa organizada. Eve tentava pôr tudo no lugar, mas nunca conseguia.
Apostavam em Eve: Compraram-lhe um localizador de metais  para que conseguisse recolher metais que estavam fora de seus lugares para que a menina levasse cada um para onde deveria estar. E toda vez que viam o fracasso de Eve em arrumar a casa, voltavam-se sem esperanças para suas próprias bagunças.

Eve estava cansada. Muito cansada. Não entendia porque as coisas não se ajeitavam em seus lugares. E então, em um dia qualquer naquela casa bagunçada, dominada pelo seu sentimento de impotência, a menina finalmente chorou. Foi para o seu quarto e procurou sua cama (que por sinal não estava no lugar) e não encontrando-a, deitou-se ali mesmo, no chão. Desejou mais que tudo que as coisas se acertassem. 

Eve fechou os olhos e respirou fundo.
Fundo, fundo, mas tão fundo, que a sua respiração foi para outro lugar bem longe dali.

      

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